quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Capitulo 1 - Literatura.

Meus olhos estavam fechados.

Tais recusavam-se abrir pois tudo parecia tão artificial, tão inútil. Minhas lágrimas rolavam por meu rosto solitário naquela noite negra. E para outros, tudo continuava tão bonito. Eu olhava para os rostos que sorriam andando por aquela praça e tudo que eu desejava era poder sorrir daquela forma.

Eles se foram, deixaram-me em um adeus vazio. Bem como minha mãe dizia, quem deixa não sofre quem fica...mata a alma.

Mal ela sabia que a minha já vinha estado morta faz tempo.

**

Vamos garota, acorde! – ouvi a voz de Gerald ecoar alto por meu quarto.

- Estou indo.

- Não demore, ao menos, que queira ir a pé para o colégio. – ele resmungou alto fechando a porta num baque estrondoso.

Levantei-me e andei apressada em direção as minhas gavetas. Coloquei meu enorme casaco marrom, um cachecol por cima e meus inseparáveis “vans” em meus pés por baixo do jeans azul desbotado. Corri escadas abaixo e encontrei Jannett terminando de fazer algumas panquecas. Ao menos esperei o café, surrupiei uma maçã em minha fruteira, puxei minha mochila em cima de meu sofá, abri a porta de casa e pisei no chão branco e gelado em minha frente. Resolvi, por final, ir a pé.

O vento de inverno era cortante e secava meus grossos lábios em segundos. Passei minhas mãos por meu cabelo liso e arrumei, ele sempre estava do mesmo jeito. Não me preocupei. Meus olhos avistavam tudo em minha volta, mas o vento era tanto que eu mal conseguia os abrir. Atravessei a grande avenida e numa via estreita entre duas grandes árvores pude avistar meu colégio.

Abble Adams Blink.

Não me pergunte sobre o nome, não faço idéia de tal origem. O pátio, como sempre, encontrava-se lotado. De longe pude ver várias cabeças com grossas toucas, principalmente, os garotos que arranjavam qualquer motivo para colocá-las. Não que reclamasse, tenho fetiche por homens com toucas.

Andei em direção á meu armário e olhei colado, meu horário de aulas. Literatura. Reprimi um sorriso, minha matéria favorita. Procurei “O morro dos Ventos Uivantes” por debaixo dos meus livros maiores e, finalmente, o encontrei. Estava trancando-o quando senti um cutucão em minhas costas, voltei meus olhos rapidamente e deparei-me com a diretora.

- Olá Sra. Sanders, como vai?

- Bem, e a Senhorita?

- Estou ótima.

- Gostaria de pedir um favor.

- Pode falar.

- Bom, você conhece Nicholas Bigg?

- Sim. – respondi entredentes, minha vontade era de insultá-lo.

- Pelo que olhei em seu histórico, você é uma de nossas melhores alunas em Literatura. Nicholas Bigg não vem se saindo muito bem em tal matéria. Conversei com seu pai e ele pediu para que alguém o ajudasse e que pagaria um pouco mais na mensalidade se seu pedido fosse atendido.

- Não vou ajudá-lo.

- Você terá que aceitar.

- Por quê? Pelo que sei, ao menos minha vida eu ainda sou dona.

- Eu já confirmei, e, ao menos que você queira que toda a escola saiba que você é uma órfã acho bom a Senhorita aceitar essa proposta.

- Isso é chantagem.

- Não me diga?! Saiba que eu pouco me importo. Nicholas vai vir conversar com você em seu intervalo, seja gentil. - ela sorriu com seus dentes borrados de café e foi embora.

- Claro, por que não seria? – ironizei quando ouvi o tilintar de seus saltos tamborilando no chão no corredor próximo.

Como eu gostaria de estar morta.

Sinopse.

E era mais uma daquelas tardes, a neve pingava em seu jardim. Amber sentia suas entranhas gelarem e aos poucos foi perdendo a respiração. Era sempre assim, em dias como esse. Seus pais foram mortos, uma orfã. Uma família com distúrbios resolveu adotá-la por pena, mas ela pouco vivia naquela casa. A única coisa que a acompanhava era seu coração nos olhos, sua mente vagando no universo e seu violão.

E a última coisa que ela desejava era se apaixonar.

"Eu queria dizer eu te amo, mas é esse o fato que eu mais odeio em você."