Meus olhos estavam fechados.
Tais recusavam-se abrir pois tudo parecia tão artificial, tão inútil. Minhas lágrimas rolavam por meu rosto solitário naquela noite negra. E para outros, tudo continuava tão bonito. Eu olhava para os rostos que sorriam andando por aquela praça e tudo que eu desejava era poder sorrir daquela forma.
Eles se foram, deixaram-me em um adeus vazio. Bem como minha mãe dizia, quem deixa não sofre quem fica...mata a alma.
Mal ela sabia que a minha já vinha estado morta faz tempo.
**
Vamos garota, acorde! – ouvi a voz de Gerald ecoar alto por meu quarto.
- Estou indo.
- Não demore, ao menos, que queira ir a pé para o colégio. – ele resmungou alto fechando a porta num baque estrondoso.
- Bem, e a Senhorita?
- Estou ótima.
- Gostaria de pedir um favor.
- Pode falar.
- Bom, você conhece Nicholas Bigg?
- Sim. – respondi entredentes, minha vontade era de insultá-lo.
- Pelo que olhei em seu histórico, você é uma de nossas melhores alunas em Literatura. Nicholas Bigg não vem se saindo muito bem em tal matéria. Conversei com seu pai e ele pediu para que alguém o ajudasse e que pagaria um pouco mais na mensalidade se seu pedido fosse atendido.
- Não vou ajudá-lo.
- Você terá que aceitar.
- Por quê? Pelo que sei, ao menos minha vida eu ainda sou dona.
- Eu já confirmei, e, ao menos que você queira que toda a escola saiba que você é uma órfã acho bom a Senhorita aceitar essa proposta.
- Isso é chantagem.
- Não me diga?! Saiba que eu pouco me importo. Nicholas vai vir conversar com você em seu intervalo, seja gentil. - ela sorriu com seus dentes borrados de café e foi embora.
- Claro, por que não seria? – ironizei quando ouvi o tilintar de seus saltos tamborilando no chão no corredor próximo.
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